As Mulheres e o Espiritismo
No dia 23 de novembro de 1795, nascia Amelie Gabrielle Boudet, professora, artista plástica, grande difusora do espiritismo, esposa de Kardec, com quem muito contribuiu para a codificação da doutrina, e que continuou incansavelmente trabalhando na sua divulgação, após o desencarne do marido. O mês de novembro costuma, por isso, dentro do movimento espírita, ser dedicado às mulheres espíritas.
O espiritismo contribuiu enormemente para a conquista de direitos femininos. Em primeiro lugar, é importante notar que as mulheres eram maioria entre os médiuns da codificação. Podemos citar as irmãs Fox, que muito novas chamaram a atenção do mundo para os fenômenos espíritas nos Estados Unidos, a Sra. Plainemaison, que abriu as portas de sua casa para as primeiras reuniões mediúnicas, as irmãs Baudin, que também muito novas, ajudaram Kardec nas primeiras pesquisas sobre os fenômenos mediúnicos.
Outro aspecto interessante são as diversas menções de Kardec, na Revista Espírita, sobre mulheres que conquistaram o direito de se tornarem médicas ou a discussão sobre o voto feminino.
Mas, sem sombra de dúvidas, a mais importante contribuição do espiritismo para as mulheres está nos ensinamentos doutrinários de que os espíritos não têm sexo e que podem encarnar enquanto homens ou mulheres para adquirirem experiências diversas. Deus não criou almas femininas e masculinas, umas inferiores às outras.
Há um artigo na Revista Espírita de janeiro de 1966, com o título bastante inusitado – “As mulheres têm alma?”, onde Kardec discute a igualdade de posição social entre o homem e a mulher e conclui que a emancipação da mulher acompanha o progresso da humanidade: “Com a Doutrina Espírita, a igualdade da mulher não é mais uma simples teoria especulativa; já não é uma concessão da força à fraqueza, mas um direito fundado nas próprias Leis da Natureza. Dando a conhecer essas leis, o Espiritismo abre a era da emancipação legal da mulher, como abre a da igualdade e da fraternidade.”
Assim, o espiritismo foi, e é, importantíssimo para a luta das mulheres por igualdade social. As mulheres, por sua vez, foram, e são, importantíssimas também para o espiritismo. Não poderíamos deixar de citar Anália Franco, professora espírita, republicana e feminista, que lutou pelas crianças negras enjeitada pelas fazendas a partir da lei do ventre livre, fundou escolas, abrigos, creches e asilos; Amélia Rodrigues, carinhosamente chamada de poetisa da boa nova, educadora espírita baiana, continuou sua obra após o desencarne, através do médium Divaldo Pereira Franco; Ivone Pereira, médium notável, que dedicou grande parte de sua vida ao trabalho mediúnico e socorro espiritual através da desobsessão e receituário homeopático, além da publicação de inúmeros livros psicografados; entre muitas outras mulheres anônimas, evangelizadoras, palestrantes, dirigentes, recepcionistas, trabalhadoras da assistência espiritual e material de tantas casas espíritas espalhadas pelo planeta.
Deixamos aqui nossa gratidão e singela homenagem.
A Diretoria Este artigo foi publicado originalmente no Editorial do Boletim Informativo de Novembro de 2022.